Conjunto n.º 2 —
Parque das Nações

A Expo’98 criou a oportunidade para converter um território poluído numa área de expansão urbana de uso misto, incluindo equipamentos e espaços públicos generosos. O Parque das Nações é um caso de reconhecido sucesso, mas sofre as mesmas limitações que outras grandes conversões urbanas mundo afora: tem um ambiente construído genérico e de longevidade duvidosa.

O Lote 3.22, entre a Avenida Fernando Pessoa e o Hospital CUF Descobertas, permite erguer 13 pisos de habitação sobre 4 pisos de restauração, retalho e estacionamento. Recuamos a frente NO para criar um passeio largo, e dispomos a restauração ao longo desta frente. O retalho ocupa a frente SE – a mais acessível por automóvel. O estacionamento completa o volume, criando um pódio verde sobre o qual assenta a habitação. Concentramos a sua massa construída nos lados NE e NO, abrindo assim a maior superfície possível ao quadrante sul – com as melhores vistas e a melhor orientação solar – e protegendo o conjunto dos ventos dominantes do quadrante norte. A capacidade construtiva remanescente é disposta numa torre esbelta, sem impacto sobre vistas e insolação do conjunto.

A circulação comum encosta-se ao perímetro exterior, permitindo assim que os apartamentos se abram ao sul e ao jardim. Os apartamentos – T0 a T4 – são distribuídos de acordo com a sua dimensão: os menores ao centro, nos pisos inferiores, e os maiores nas extremidades, nos pisos superiores. Todos os apartamentos dispõem de varandas corridas, que se alargam frente aos espaços sociais. Plantas e fachadas seguem uma subdivisão do vão estrutural de 6,0 m, adequado aos vários programas que compõem o conjunto. Desenho, materialidade e construção são pensados como ingredientes de um único gesto sensual, robusto e intemporal, que procura projectar o que aquela Lisboa, à beira do Mar da Palha, e apesar das vicissitudes dos tempos, sempre será.