Apartamento n.º 6 —
Príncipe Real
Um edifício de habitação colectiva do século XVIII não é fácil de adaptar às necessidades e expectativas da vida moderna. Talvez por isso, as adaptações são quase sempre intrusivas e indiferentes à construção e ao carácter do edifício original. Quando os nossos clientes nos pediram para mudar as suas casas de banho sem tocar no resto do apartamento, percebemos que tínhamos de tratar a relação entre velho – paredes espessas e honestas – e novo – paredes ocas e preenchidas de infra-estruturas – com cuidado.
Em vez de incorporar os espaços novos nos velhos – disfarçando as transições através de um desenho hábil, por exemplo – pensámos que seria melhor destacar as casas de banho do apartamento, como se subtraíssemos o seu volume ao conjunto de espaços que percebemos como casa. Visto da entrada do apartamento, o vestíbulo de acesso às casas de banho parece uma instalação de luz, emoldurada e pendurada ao fundo do corredor, sem qualquer utilidade além de criar um momento inusitado: a presença gratificante de luz e cor num corredor outrora sombrio. O vestíbulo, concebido como um espaço além do espaço arquitectural, liberta as novas casas de banho de qualquer relação com o apartamento, em que não tocamos.
Os interiores das casas de banho seguem a composição perceptiva de espaços com um propósito e uma atmosfera muito menos prosaicos. Fizemo-lo porque queríamos que – apesar das torneiras e das louças – estes espaços tivessem a mesma dignidade enigmática do vestíbulo.
Apesar de ser o nosso projecto mais pequeno até ao momento – apenas 13 m2 – permitiu-nos aprofundar temas que temos explorado em projectos maiores e mais complicados, como a combinação sensível da luz natural e artificial e a ideia de transgressão tipológica.
Nome | Apartamento n.º 6 — Príncipe Real |
Localização | Lisboa, Portugal |
Área Construída | 15 m² |
Área do Terreno | 175 m² |
Conclusão | 2016 |
Equipa | Vasco Matias Correia, Patrícia Ferreira de Sousa e Sebastien Alfaiate |
Fotografia | Nelson Garrido |