Casa n.º 11 —
Santa Isabel
Este projecto tem uma condição peculiar: entre uma escola industrial e um cemitério, ganhou um protagonismo inusitado, de tal modo que a Câmara Municipal de Lisboa pretendeu, em 1942, a sua demolição. Tal não aconteceu, e assim ficou: um prédio de rendimento do início do século XX, com uma fachada frontal esmerada, empenas cegas, e uma fachada tardoz utilitária.
Os nossos clientes adquiriram o edifício para o converter numa casa com um programa ambicioso, a que juntámos a vontade de dar um sentido de integridade e contexto que seria provavelmente descabido aquando da sua construção. Procurámos reagir a cada confrontação – alargamento da rua, cemitério verdejante, jardim, rio – e articular estas reacções num movimento contínuo em torno da casa e através dela.
Para tanto, demolimos o interior do edifício, a empena nascente e a fachada tardoz, e lançámos, a partir da fachada frontal, um programa compositivo que dobra as arestas do edifício, transformando-se – depurando ou saturando, atenuando ou amplificando, os elementos arquitectónicos e decorativos existentes – num movimento que diríamos cronológico. A fachada tardoz continua a ser a que mais literalmente exprime o interior do edifício, que se organiza em torno de um átrio que muda de forma em altura.
Como noutros projectos nossos perseguimos uma ideia, antiga e difícil, de relação certa e indissociável entre o todo e as partes, incluindo no todo um espaço e um tempo que se estendem além dos limites da casa, e nas partes aquilo que não é possível desenhar.
Depois de uma longa reunião com os clientes, a Ana agarrou numa folha com uma imagem do projecto e disse que esta casa só podia estar em Lisboa, mas que nunca tinha visto nada assim – esta é a casa que estamos a procurar.
Nome | Casa n.º 11 — Santa Isabel |
Localização | Lisboa, Portugal |
Área Construída | 370 m² |
Área do Terreno | 235 m² |
Conclusão | 2021 |
Equipa | Vasco Matias Correia, Patrícia Ferreira de Sousa, Sebastien Alfaiate e Joana Ramos |
Fotografia | Nelson Garrido |